Cultura
Três Pontas reforça atuação da rede de proteção no Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes
A Secretaria de Desenvolvimento Social e Habitação, por meio do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), promoveu no fim da tarde desta quinta-feira (22), na Praça Tristão Nogueira, um importante movimento em alusão ao 18 de Maio – Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, em Três Pontas.
A ação fez parte da campanha Maio Laranja, mês dedicado à conscientização e ao enfrentamento desse tipo de violência. A programação contou com diversas atividades culturais e educativas. Entre as atrações musicais, artistas da cidade se apresentaram ao lado de jovens do Centro Dia da APAE, que emocionaram o público com uma expressiva performance de dança, fruto da oficina de corpo e movimento. A apresentação, além de sensibilizar os presentes, reforçou o papel da arte como instrumento de conscientização, dando voz e visibilidade à luta pelos direitos da infância e juventude.
Antes disso, alunos de escolas municipais, estaduais e de centros municipais de educação infantil participaram ativamente das ações, confeccionando desenhos e vídeos que foram exibidos em um telão instalado na Praça da Fonte. O espaço foi cuidadosamente decorado com flores amarelas, símbolo da campanha, e com os desenhos das crianças expostos entre bexigas penduradas em árvores — criando um cenário de cor, sensibilidade e engajamento.
A mobilização também incluiu uma caminhada simbólica pelas ruas centrais da cidade. Servidores da Secretaria, escoltados pela Guarda Civil Municipal, realizaram uma breve passeata que não interferiu no trânsito, mas chamou atenção com gritos de alerta como “Faça bonito, denuncie!”. Durante o trajeto, foram distribuídos panfletos com orientações, canais de denúncia e informações sobre a rede de proteção, que em Três Pontas é reconhecida por sua articulação entre órgãos como CREAS, CRAS, escolas, conselhos tutelares, unidades de saúde, além das polícias Civil e Militar.
Logo após, foi realizado o Sarau Vozes, que encerrou a noite com poesia, música e reflexões. Mais que um evento cultural, o sarau teve como objetivo reafirmar a urgência do tema e convocar a sociedade para a responsabilidade coletiva de proteção às crianças e adolescentes. A coordenadora do CREAS, Mariana Braga Dixini, trouxe dados alarmantes: que em 2025 já foram registradas 14 notificações de abuso sexual de menores na cidade, das quais 9 ainda estão em investigação, envolvendo vítimas com idades entre 0 e 17 anos.
Ela ressaltou que Três Pontas é uma das primeiras cidades da região a possuir um fluxo de atendimento bem definido: qualquer denúncia que chegue à rede — seja na educação, saúde, Conselho Tutelar ou segurança pública — é imediatamente direcionada. Em casos de conjunção carnal, por exemplo, a vítima é encaminhada à Maternidade para exames com ginecologista ou pediatra plantonista. Posteriormente, recebe acompanhamento psicológico e social pelo CREAS, que também ampara as famílias.
“Hoje, não estamos aqui apenas para apreciar poesia, música ou expressão. Estamos aqui para dar visibilidade a uma causa urgente, humana e necessária: o combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes”, destacou a secretária de Desenvolvimento Social e Habitação, Marina Daniela Salgado Silva.
A secretária agradeceu o envolvimento de toda a equipe, incluindo o CMDCA, CRAS, Centro do Idoso, Abrigo Institucional, Guarda Municipal, escolas públicas e o Colégio Travessia. Ela reforçou que todos — pais, professores, vizinhos, amigos — têm responsabilidade na proteção da infância.
“Exploração sexual de crianças e adolescentes é um crime grave. Criança não é objeto sexual de ninguém. Nós, como adultos, temos o dever de protegê-las. Que cada um denuncie ao identificar qualquer suspeita. Que as crianças saibam que podem e devem confiar em um adulto próximo para pedir ajuda.”
A campanha do Maio Laranja lembra ainda o caso de Aracelly Cabrera Crespo, uma menina de apenas 8 anos, brutalmente assassinada em 1973. Sua história, símbolo do combate à impunidade, é um grito que ainda ecoa. Cada verso declamado, cada música entoada e cada gesto artístico durante o evento foi um ato de resistência, cuidado e compromisso com o futuro das nossas crianças.
Que a arte continue sendo semente de empatia, escuta e transformação. Que o silêncio dê lugar à palavra. Que a dor gere coragem. E que a sociedade, unida, faça bonito todos os dias.